Skip to main content

O letramento digital possibilita dominar técnicas e habilidades para acessar, interagir, processar e desenvolver multiplicidade de competências na leitura das mais variadas mídias é questão de sobrevivência nos dias de hoje

O universo digital é uma evolução. Não tem volta. Mas é preciso atentar para o fato de que os novos meios e suportes de texto e comunicação nestes tempos de hiperconectividade e amplo uso de redes sociais trazem novas demandas e configurações para a linguagem e o pensamento. Cada uma específica em seu canal.

Portanto, há que se pensar no que queremos para o nosso futuro: uma legião de seguidores ou uma legião de pensadores e autores? É justo aí onde entra a importância do letramento digital, que deve ser visto como um processo semelhante ao do letramento tradicional.

“Opto por termos uma legião de autores, de pensadores. Só assim teremos uma possibilidade de, agindo diferente, transformar, realmente, o mundo”, escolheu, prontamente, Sueli de Abreu, diretora Pedagógica e de Inovação da APDZ Educação e Tecnologiaedtech baseada no Rio de Janeiro que há 25 anos oferece soluções tecnológicas para otimizar o processo de aprendizagem de crianças e adolescentes.

O letramento digital na Educação está relacionado com o conhecimento necessário para saber como usar os recursos tecnológicos e da escrita no meio digital. Dessa forma, é possível participar, de maneira crítica e ética, das práticas sociais da chamada cultura digital. O que envolve sistematizar, representar, analisar e resolver problemas.

Atualmente, escolas, educadores, famílias e estudantes reconhecem a existência de um “gap” em relação ao mundo digital e sua importância no processo educacional como um meio para aprendizagem. Ficou bem evidente com a pandemia do novo coronavírus, que levou cerca de 1,5 bilhão de estudantes, em todo o mundo, para aulas remotas, boa parte no meio digital, pelas estimativas da ONU.

“Com a pandemia, vimos como o mundo digital não é um universo para se pensar no futuro, mas sim no presente. Estamos presenciando como os educadores sofreram, e continuam sofrendo, por não dominarem esse universo digital”, disse Sueli, ao frisar que é preciso aproveitar este momento que veio junto com o caos para fazer a educação avançar muitos anos em meses nessa área.

Letramento digital deve ser de interesse de todos 

Mesmo quem vive diariamente com os olhos e as mãos grudados no smartphone ainda tem o que aprender sobre como lidar com o mundo digital. É um universo multifacetado e com níveis de profundidade diferentes. Faz todo sentido, portanto, falar em promoção de letramento digital — mesmo para pessoas nascidas nas últimas décadas, os chamados nativos digitais.

“Há um mito quando falamos que os nascidos nesse mundo digital não precisam aprender mais sobre o mesmo, pois é natural. Isso não é verdade. A maioria dos nativos digitais transitam apenas por uma fatia pequena desse universo, com infinitas e distintas possibilidades. É papel da escola abrir esse universo digital, em todas as suas possibilidades, para os estudantes”, explicou Sueli de Abreu.

Para isso, segundo a diretora pedagógica e de inovação da APDZ, é preciso repensar os projetos pedagógicos com o olhar de utilização das tecnologias e recursos digitais. Tanto como meio quanto como um fim. E, principalmente, investir em formação de professores.

Só assim será possível aproximar duas realidades: crianças e jovens que têm uma relação confortável com a tecnologia, porém não vislumbram todas as suas possibilidades, de um lado, e do outro lado, professores que se sentem desconfortáveis com esse universo tecnológico, mas que têm o expertise para guiá-los fundo nessa viagem. Mesmo não sabendo tudo sobre tecnologia.

Longo percurso a ser trilhado pelo Brasil 

Hoje em dia, a escola precisa fazer mais do que só usar a tecnologia. Precisa organizar um currículo num eixo horizontal e vertical, onde o mundo digital seja visitado em todos os seus aspectos. Tudo isso de forma bem equilibrada, e em todos os segmentos, da educação infantil ao ensino médio.

O acesso às TICs (Tecnologias da Informação e Comunicação) para a alavancagem econômica, cultural e social é fundamental em qualquer lugar no mundo. Mas, segundo Sueli, políticas públicas voltadas ao letramento digital enfrentam desafios continentais no Brasil, como um grande espaço a cobrir e um número extremamente expressivo de pessoas a alcançar.

“Em um país marcado por suas desigualdades sociais e também topográficas, faz-se necessário desenhar políticas públicas que contemplem as necessidades de cada região. Existem vários movimentos dos governos federal, estadual e municipal. Porém, ainda muito pouco coordenados e impregnados de políticas cujo objetivo passam longe da busca pelos sincronismos para o bem da educação e dos cidadão. Precisa-se evoluir muito, ainda, nesse aspecto.”

Para a diretora da edtech, a inclusão digital que vem com o letramento digital é a alfabetização de ontem. A pedagoga explicou que é vital articular os dois processos, alfabetização e letramento, nos dois universos e todas as suas dimensões. “Se não fizermos isso, estamos criando um problema de imensas proporções para as futuras gerações. O analfabeto digital pode ser um desastre para as possibilidades da construção de um amanhã melhor para todos.”

Compartilhe: