Skip to main content

O conceito originalmente usado como jargão empresarial, atualmente é relacionado também à Educação, que vem passando por profundas transformações de quebras de paradigmas: a disrupção educacional

A etimologia da palavra disrupção vem do latim disruptio.onis, ou seja, fratura ou quebra. No dicionário, seu significado está associado ao ato de romper, de interromper o curso natural, de gerar uma ruptura. No jargão empresarial, a palavra se torna um conceito.

Mas palavra ganhou sentido renovado na última década do século XX, ao ser utilizada de modo distinto pelo professor e economista de Harvard, Clayton M. Christensen (1952-2020). No livro “Tecnologias Disruptivas” (1995), Christensen criou uma releitura da palavra ao associá-la à ação de pequenas empresas de tecnologia, mais conhecidas como startups.

Passou-se a considerar disruptivas as empresas que, por meio de processos criativos e de desenvolvimento muito ágeis — principalmente se comparado às grandes indústrias do segmento tecnológico –, criavam recursos que alteravam o rumo do segmento e da própria vida humana ao agregarem produtos e serviços ao cotidiano.

São disruptivos, segundo Christensen, empreendedores que inovam a partir de investimento mais baixo, de forma criativa, oferecendo soluções que atendam a demandas existentes. Ou que criam necessidades de modo a modificar comportamentos, ações, pensamentos e, até mesmo, a própria base existencial humana.

oquee-clayton-m-christenssen-educacao-disruptiva-EDUCADOR21

Clayton M. Christensen cunhou o jargão em Harvard

Christensen e outros especialistas, após a virada do século, validaram a terminologia a ponto de, atualmente, já estar consolidada em países mais ricos e desenvolvidos. É importante esclarecer a diferença que se criou, então, entre inovação disruptiva, inovação evolutiva ou revolucionária — cujos processos estão mais relacionados a empresas já estabelecidas, produção e mercados.

Inovação evolutiva
Relaciona-se a estágios mais avançados de produtos ou serviços já existentes. Esses, vão sendo melhorados em suas características essenciais, agregando inovações.

Inovação revolucionária
Poderia ser um conceito associado a disrupção. Mas preconiza a ideia de superação do que já existe. Seja um sistema social ou uma tecnologia. Dessa forma, considera-se parte de elementos e situações já existentes.

Como a disrupção se aplica à Educação

A disrupção deixou de ser, com o passar dos anos, algo que se aplica somente ao segmento da tecnologia de ponta. O conceito foi ampliado e pode se relacionar a formas, meios, técnicas, pensamentos, serviços e produtos de todas as áreas de atuação humana. A condição é que sua ação seja, de fato, algo que renove por completo o meio, o trabalho, as ações e relações humanas.

Para a educação, por exemplo, uma inovação disruptiva é aquela que pretende romper com o estabelecido para melhorar o existente. É constante essa busca por fórmulas e caminhos para fazer com que a escola supere o tradicionalismo, o conteudismo, as formas convencionais de ensino e aprendizagem.

Trata-se de um fenômeno global, que, em maior ou menor escala, todos os países passaram a experimentar. Uma indiscutível fase de grande agitação –- sinônimo de convulsão, para uns, dinamismo e transformação positiva, para outros.

“A disrupção é um processo contínuo, e bastante amplo, sem dúvida. Envolve muitas transformações. Do espaço físico das escolas às ferramentas tecnológicas disponíveis aos professores, sem mencionar a necessária reestruturação do currículo”, explica a diretora pedagógica e de soluções pedagógicas da Mind Lab do Brasil, Sandra Garcia. 

Disrupção possibilita chegar ao conhecimento significativo

A especialista ressalta, no entanto, que a disrupção no meio educacional só faz diferença quando todos os recursos a ela relacionados são capazes de transformar a relação entre professor e aluno. De acordo com Sandra Garcia, a disrupção na educação precisa trazer protagonismo. Tanto a quem aprende, quanto a quem ensina.

É a partir daí que se cria a mencionada nova relação entre professor e aluno. E é dessa nova relação que surge o conhecimento significativo, construído em colaboração, por meio de currículos flexíveis e integrados. A disrupção que faça jus ao conceito de Christensen.

Ken Robinson, uma das figuras britânicas mais reconhecidas no mundo da educação, destaca que enquanto nos últimos 50 anos as esferas econômica, cultural e pessoal passaram por uma enorme transformação, os sistemas educativos não mudaram absolutamente nada seus programas e seus objetivos.

Curtis Johnson, coautor do best-seller “Disruptive Class: How Disruptive Innovation Will Change The World Learns”, já afirmou que a atual forma de ensinar “é incapaz de educar os alunos de hoje nas competências que deverão dominar para se desenvolverem na sociedade digital”.

A partir daí, destaca-se a necessidade da implementação da disrupção educacional que possibilite uma nova abordagem da aprendizagem.

Compartilhe: